Término dinâmico e seu papel na estabilidade dos tecidos moles

Por MSc. Letícia Bins-Ely

Os preparos dentais para restaurações de próteses fixas podem ser feitos de diferentes maneiras e não há um consenso em relação às terminologias. Didaticamente, podemos dividir em dois tipos: preparo com uma margem definida, também conhecido como preparos horizontais, e os preparos verticais ou “término em zero”, também conhecido como BOPT (Biologically Oriented Preparation Technique) [1].

As preparações horizontais são preferidas quando a coroa clínica e anatômica coincide e há boa saúde periodontal. A margem é posicionada pelo dentista e deixa uma linha bem definida no dente, que é então replicada na impressão e no modelo de trabalho. Por outro lado, os preparos verticais são mais conservadores e são usados quando a coroa clínica não coincide com a coroa anatômica devido à doença periodontal, por exemplo. Nesses casos, a margem da coroa está localizada na área da raiz e é posicionada pelo técnico de laboratório com base na informação do tecido gengival [1].

O selamento coronal é definitivamente melhor em preparações verticais que em horizontais. Isso é devido ao espaço reduzido entre o dente e a coroa, resultando em um melhor ajuste, menor exposição ao cimento e menor penetração bacteriana [1].

Os mesmos conceitos e procedimentos foram aplicados também em implantodontia – IBOPT (Implant Biologically Oriented Preparation Technique) por meio da implementação do abutment sem “ombros”. O intermediário IBOPT não possui término preestabelecido pela indústria; sua posição será definida pelo cirurgião-dentista e pelo técnico. Assim, é possível posicionar o término em diferentes níveis, mais coronalmente ou mais apicalmente, dentro do sulco gengival, sem afetar a qualidade da adaptação marginal da restauração [2].

Os preparos verticais contemplam a modificação guiada do contorno gengival pela restauração provisória. Uma vez alcançado o contorno gengival ideal, este é replicado com precisão nas restaurações  finais. Um dos objetivos é reproduzir uma restauração final com convexidade semelhante ao dente natural, por meio da preparação do abutment sem o “ombro” definido [2].

Uma das grandes preocupações do cirurgião-dentista é a migração apical do tecido mole vestibular ao longo do tempo, principalmente na zona estética. Estudos clínicos mostram que a quantidade de recessão foi significativamente aumentada nos locais de implante com mucosa queratinizada estreita [3,4]. Sabe-se que a morfologia do pilar, entre vários outros fatores protéticos, pode desempenhar um papel fundamental na estabilidade da margem gengival [1]. Como a interface restauração-pilar simula a junção cemento-esmalte (JEC) e a emergência de um dente natural, isso permite que a mucosa peri-implantar se adapte à nova forma, o que leva à maior estabilidade gengival a médio e longo prazos [6].

Segundo Canullo et al., [5], um abutment convencional, com preparo horizontal, possui uma morfologia divergente, que tende a empurrar os tecidos moles em direção apical, o que pode causar uma recessão da margem tecidual e consequente exposição do componente protético. Por outro lado, o componente protético com término dinâmico apresenta um perfil convergente, de modo que a margem do tecido mole tende a se localizar mais coronariamente, permitindo melhor adaptação, maturação e estabilidade dos tecidos moles. Assim, a redução do pilar, obtida pela remoção do “ombro” ou chanfro, permitiu que os tecidos moles interdentais ocupassem o espaço anteriormente ocupado pelo metal.

Todos os componentes protéticos do Sistema Arcsys são pilares anatômicos em potencial, pois o mesmo componente pode ser utilizado com ou sem o término dinâmico (IBOPT), ficando cada profissional com o poder da decisão. No entanto, uma das grandes vantagens do término dinâmico é a diminuição de sua espessura, devido à ausência do “ombro” ou término para assentamento da coroa predefinido. Assim, a largura vestibular reduzida do abutment dá mais espaço à espessura gengival e promove estabilidade marginal dos tecidos.

REFERÊNCIAS

  1. Loi I, Di Felice A. Biologically oriented preparation technique (BOPT): a new approach for prosthetic restoration of periodontically healthy teeth. Eur J Esthet Dent 2013; 8: 10–23.
  2. Rancitelli D, Poli PP, Cicciù M, Lini F, Roncucci R, Cervino G et al. Soft-Tissue Enhancement Combined With Biologically Oriented Preparation Technique to Correct Volumetric Bone Defects: A Clinical Case Report. J Oral Implantol 2017; 43: 307–313.
  3. Schrott AR, Jimenez M, Hwang JW, Fiorellini J, Weber HP. Five-year evaluation of the influence of keratinized mucosa on peri-implant soft-tissue health and stability around implants supporting full-arch mandibular fixed prostheses. Clinical Oral Implants Res. 2009; 20:1170–1177.
  4. Zigdon H, Machtei EE. The dimensions of keratinized mucosa around implants affect clinical and immunological parameters. Clin Oral Implants Res. 2008;19:387–392.
  5. Canullo L, Cocchetto R, Loi I. Remodelagem Óssea Peri-implantar: Bases Científicas e Implicações clínicas. 1a ed. 2012.
  6. Sola-Ruiz M, Del Rio Highsmith J, Labaig-Rueda C, Agustin-Panadero R. Biologically oriented preparation technique (BOPT) for implant-supported fixed prostheses. J Clin Exp Dent 2017; 9: 603–607.
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